quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mordomia: Doutrina sem o Senhorio de Cristo! Pode?


Depois de mais de cem anos da presença evangélica em terras brasileiras, ainda faz-se necessário, muito esclarecimento e divulgação da doutrina da mordomia.  Ouso até dizer que nem o nome mordomia pegou, pois ainda ele não se acha incorporado ao universo vocabular do crente comum com o significado real que os teólogos gostariam que ele fosse entendido.
Mordomia, hoje, para o povo do ”mundo”, tem um sentido altamente pejorativo. Significa usufruto fácil de vantagens e benefícios, à custa do dinheiro alheio, significa esbanjamento, com proveito próprio, principalmente dos dinheiros e dos bens público do governo.
E para os crentes em geral?
Lamentavelmente, apesar do esforço e da sinceridade de ilustres pastores, os crentes associam a mordomia a dízimo, a dinheiro entregue a igreja, com suspeitas de que o termo seja um mero eufemismo, usado pelos pastores para encobrir ambições pessoais, sempre relacionadas com o aumento dos seus salários.
Já há uma interpretação desaconselhável do termo mordomia, entre os crentes pouco responsáveis e que desprestigiam e depreciam a beleza da doutrina bíblica, em favor da chacota, do humor pouco respeitoso, da malicia anticristã. Dizem por exemplo, que a melhor significação para o termo mordomia é a de que: “O pastor MORDE e o crente MIA”.
Qualquer doutrinação, qualquer que seja a sua finalidade, só há de ter pleno sucesso e total aceitação se, por trás dela, apoiando-se e dando–lhe o embasamento necessário houver uma IDEOLOGIA que a justifique.
Por que os antigos aceitavam a escravidão como a coisa mais natural do mundo? Sócrates, Platão e outros filósofos defenderam abertamente a escravidão. É que havia uma IDEOLOGIA que a justificava, e esta ideologia era expressa na seguinte afirmação: “Há homens que nasceram para ser livres e outros nasceram para ser escravos”. Enquanto tal ideologia não foi contestada a escravidão permaneceu no mundo, aceita por todos pacificamente.
A Idade Média consolidou uma ideologia que hoje ninguém aceita. Alguns historiadores de ETICA PATERNALISTA CRISTÃ. Tal ideologia, baseada numa interpretação errônea da Bíblia, era aceita, sem discussão, por todo o mundo. Segundo a referida ética, era vantagem ser pobre, porque herdaria o reino do céu. Ser rico era um tormento, visto que, para a salvação, tinha de fazer caridade, daí a necessidade da existência dos miseráveis.
Tão grande era a aflição dos ricos, que Clemente escreveu uma obra: “Da salvação do homem rico”, com o fim de acalmar os que possuíam dinheiro e que viam no evangelho de Lucas a sua condenação ao fogo do inferno.
Se quisermos modificar o comportamento dos crentes relativamente à doutrina da mordomia, temos de fazer o que ainda não foi feito: desenvolver, divulgar, incutir, reordenar as estruturas mentais dos crentes, fazendo-os ver que mordomia, como a entendemos biblicamente, pouco tem a ver com dinheiro, com bens materiais.
A ideologia, que deve orientar e tornar-se o fundamento para o comportamento dos salvos, é a aceitação incondicional do Senhorio de Cristo. No momento em que o crente realmente se convence de que Cristo, não somente é o salvador, mas o Senhor da sua vida, o dono de tudo, pronto, o problema está resolvido. Não haverá nem necessidade de falar-se em dinheiro. A fundamentação ideológica levará o crente a entender, na teoria e na prática, que tudo é de DEUS e é um dever seu colocar aquilo que, aparentemente lhe pertence, a serviço do seu legitimo dono.
O escritor Meyer contou que, antes de aceitar o senhorio de Cristo, certa vez teve involuntariamente, a sua calça rasgada. Irritou-se, afobou-se, pegou o carro e o guiou apressadamente e sem controle, quase atropelando pedestres que passavam. Depois, meditando melhor na verdade de que nada era seu, passou a raciocinar diferentemente e, cada vez que acontecia alguma coisa que resultava em perda material ou em danos, ele falava para si mesmo: “Senhor, estas calças que não são minhas, mas Tuas, tu permitiste que se rasgassem. Certamente tu queres que eu faça uma calça nova, para repartir o que eu ganho com o alfaiate, que precisa ganhar dinheiro para sustentar a sua família”.
Igualmente, quando o carro quebrava, ou outro objeto qualquer se extraviava, Mayer considerava que Deus permitia que tudo acontecesse, pois nada pertencia ao escritor, mas ao Senhor que o levava a distribuir a sua renda com os outros.
É isso aí, o Senhorio de Cristo é o que conta. Deus, em Cristo, como o Senhor de nossas vidas e dono de tudo quanto existe no universo.


Abraço

Marcus Vinicius

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