sexta-feira, 30 de agosto de 2013

AULA DA SAUDADE

 (Teologia PARNAÍBA – 22/08/13)
Prof. Marcus Vinícius

Inicialmente agradeço o convite da “Turma Concluinte”.
Hoje nos despedimos. Estamos reunidos em uma única turma de TEOLOGIA, cuja convivência já se faz saudosa. Este é um dia de relembrar momentos inesquecíveis vividos por vocês durante três anos. Foram ALEGRIAS, DESESPEROS e MUITAS VITÓRIAS! Foi muito difícil, para todos. Passamos por DIFICULDADES, INSEGURANÇAS, ERROS, ACERTOS, VITÓRIAS, ALEGRIAS E NOS CONSTRUÍMOS. Eu afirmo isto, pois convivi com vocês durante todo o curso.
Chegamos ao final com a consciência do dever cumprido e, fica a certeza de que cada um de nós contribuiu, mesmo que com erros, para o crescimento do outro. Ideias, temperamentos gerando divergências sempre existirão, vocês fizeram história e serão EXEMPLOS PARA AS PRÓXIMAS TURMAS.
Foram três anos de convívio, mas que se eternizará em minha vida. Ficarão marcantes as brincadeiras em sala de aula, os risos, as reuniões do lado de fora da sala, a:

LOURDES NUNES, a pontual /D. ROSILMA e família com os lanches deliciosos /BATISTA, o “batistóteles”, sempre marcando presença / ALTAÍDE, expert em profecias e Nostradamus / OLIVEIRA, o que não perde a piada e que muito nos fez rir /ALEANDRA, a controladora do Oliveira /HELENICE, Sempre atrasada, mas sempre Pink / HELTON, sempre prudente / NOEMIA, com o seu sorriso contagiante /FELIPE (com sua simpatia) / OADSON, ÍTALO E MARCOS - com notebooks / RAIMUNDO Galeno, com ares de quem sempre quer servir / CRISTINA, MALU, CHAGUINHA E IRIS, as inseparáveis /... e muitas outras pessoas que não caberiam nesta lista.


Encontramos ao longo de nossa caminhada juntos, valores os quais jamais esqueceremos. Tais Como: 
O CONHECIMENTO ADQUIRIDO QUE NOS INSTRUMENTALIZARÁ a atuar na vida prática como agentes de mudanças e responsabiliza-nos pelos rumos que nossa sociedade poderá tomar. 
A MATURIDADE DE CONVIVER COM A DIVERGÊNCIA de opiniões/ interesses.
A IMPORTÂNCIA DE APRENDER E ENSINAR RECIPROCAMENTE, de discutir ideias e formular novos conceitos, é algo muito valioso, Mágico e rico.

Temos consciência de que enfrentaremos inúmeros desafios, um deles é a banalização e a mercantilização da fé, o sincretismo religioso, o fundamentalismo, a busca insana pela estética.
O conhecimento e o ter um diploma, ser um Teólogo, de nada serve se não for para melhorar a vida espiritual, social e emocional das pessoas.
Vocês são agentes de mudança, Promovam o próprio crescimento pessoal, o fim das mazelas sociais, profetizem o fim da corrupção. Proclamem libertação e salvação. Mostrem a esta sociedade enrascada, desorientada a “luz”... No fim do túnel e continuem sempre sintonizados no mundo e plugados nomeio eclesiástico.  A Igreja é a casa do Teólogo.
VÃO. E a partir de agora, tenham a saudade de um passado cheio de lições aprendidas cujos protagonistas foram vocês mesmos. E quando o momento exigir conhecimento lembre-se das aulas que tiveram dos Professores: Jaime, Jorge, Aurioneida, Iweltmann, Damião, Lenilson ... (tivemos 23) e nunca esqueçam que o processo de aprendizagem não para aqui, ele é contínuo. Não deixem as oportunidades fugirem de suas mãos. Não parem por aqui
OFEREÇO minha amizade àqueles que nos quiseram bem, o meu perdão àqueles que por motivos alheios à nossa vontade, não nos compreenderam nem se fizeram compreender.
DEIXO a mensagem de Paulo I Cor 13:1-2 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”.
Só o amor constrói e vence todas as barreiras. ­­­
Portanto, desejo a todos vocês um abraço cheio de Saudade.

Muito obrigado!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

POSIÇÕES SEXUAIS

Imagem: WEB


“Além do tradicional ‘papai e mamãe’, posso fazer amor com meu cônjuge em outras posições?” Esta é mais uma dúvida que paira na mente de muitos cristãos. Não sou eu quem vou dizer o que vocês devem ou não fazer na cama, afinal, “feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova”, mas através de alguns esclarecimentos, posso dizer o que estão perdendo. Seguindo a lógica de Romanos 13:8-9, qualquer mandamento se resume ao amor. Ou seja, se pratico o amor, estou cumprindo a lei. Então, não há nada de errado em transar em outras posições se eu deixar de lado o egoísmo, buscando satisfazer o meu cônjuge. Bom, eu poderia terminar o texto aqui, mas acho interessante entrar em alguns outros detalhes.


Um deles é a hipocrisia. Algumas religiões não permitem que o marido veja a esposa nua e vice-versa. Alguns inclusive usam aquele famoso lençol com um buraco no meio para fazer amor. E onde entra a hipocrisia? É que muitos desses homens mergulham na masturbação e pornografia para satisfazer seus desejos reprimidos (sem contar os que recorrem a outras mulheres), e muitas esposas passam a vida inteira fantasiando e sonhando com um sexo de verdade. E o pior: não existe nenhuma justificativa Bíblica para tal comportamento. Muito pelo contrário! O livro de Cânticos, por exemplo, é uma ordem (composição poética) ao sexo entre marido e mulher!


A Bíblia é clara quando diz lá em 1 Coríntios 7:4-5 que o meu corpo pertence ao meu esposo e o corpo dele pertence a mim. Ou seja, meu corpo deve satisfazer todas as suas necessidades e o dele, as minhas. Existe coisa melhor do que poder realizar todos os nossos desejos sexuais com a pessoa que mais amamos? E sem sentir culpa?


Lembrando que nessa questão também entra a regra do amor: se houver egoísmo e falta de amor, o que era pra ser gostoso vira pecado.


Quando um homem encontra sua mulher e a mulher o seu homem, tudo deveria acontecer na maior naturalidade. O anormal é ver casais que não se amam, não se desejam e não se gostam, transando para “cumprir as Escrituras”, e depois, levantam da cama cheios de culpa, medo e neurose. A Bíblia não conhece pudores dentro de um quarto onde existe amor de verdade. Pecado é a “objetização” do sexo. É praticá-lo sem amor e sem desejo, como mecânica orgânica apenas. Aí está o erro, ou melhor, o desperdício!


Sobre as posições sexuais, a verdade é que muitos casais se acomodaram com o tradicional “papai e mamãe”. Mas qual é o problema nisso? Nenhum! Se os dois estão satisfeitos e não se interessam por outras posições, sejam felizes! O que não pode é fazer dos seus gostos e desgostos pessoais regra pra vida de ninguém: “Papai e mamãe pode, mulher por cima pode, mas sexo de pé é pecado!” Ah! Faça-me o favor! Esposa, seu marido provavelmente escolherá o “papai e mamãe” cem vezes em cem se perceber a sua satisfação, em vez das posições mais atléticas se suas reações estiverem transmitindo insatisfação.


Mas infelizmente, muito embora esta posição ofereça o maravilhoso benefício do contato face e face e corpo no corpo, ela não proporciona a melhor estimulação para a mulher, a não ser que se façam alguns ajustes para encontrarem o ponto certo: o ponto “G”. Como para a grande maioria dos homens a posição sexual não está diretamente relacionada a estimulação que leva ao clímax (ao contrário da mulher), é interessante que você, esposa, teste e sugira algumas posições, até encontrar aquelas que mais te estimulam. Você pode gentilmente assumir o controle da velocidade, da direção, do momento, das posições e da profundidade dos movimentos dele. De modo geral, o homem gosta quando a mulher toma a iniciativa para obter o que deseja. Uma esposa que esteja visivelmente satisfeita com o sexo, é uma das experiências mais excitantes que qualquer homem pode ter!


Existem também aquelas posições que favorecem algumas situações, como quando a esposa está grávida, o marido é muito “bem dotado” (a mulher pode se machucar dependendo da posição) ou o casal está com pressa. Vocês precisam se sentir a vontade dentro do seu “reino”, mas a liberdade e intimidade na cama só se conquista quando existe intimidade no relacionamento. A conversa aberta e franca é essencial. Para a maioria dos homens não importa onde e como a esposa quer fazer sexo. Se ela estiver disposta, eles também estarão! Mas para a grande maioria das mulheres não funciona assim. Dependendo do humor feminino, uma posição pode ser ofensiva e outras, acabam com o desejo instantaneamente. Marido, não esqueça que para a mulher o sexo está intrinsecamente ligado à emoção.


E pra finalizar, o seu desejo deve estar no seu cônjuge e não na posição em si. Digo isto porque muitos casais ficam viciados em posições bizarras e se esquecem que não é a posição em si que resulta num sexo gratificante, mas sim o que você faz através dela. Se o seu desejo for o de agradar o seu cônjuge, satisfazê-lo e transmitir o amor que sente por ele, até canguru perneta vale! Diversificar as posições é como a cereja do bolo: faz o que já era muito bom ficar ainda mais gostoso! E lembre-se: a melhor posição nunca será substituta de um relacionamento saudável. Sexo tem a ver com a qualidade de toda sua vida amorosa e não com o intrincado alinhamento de seus corpos!


Ah! Só mais um conselho: a não ser que vocês sejam ginastas, não tentem a lei da gravidade e não abusem da elasticidade, pois correm o risco de transformar uma linda noite de amor em tragédia!


Tenham um bom sexo!



Fonte: Salve meu casamento. Alguns trechos foram retirados do livro “Entre Lençois, de Kevin Leman” e “caiofabio.net”

Dizia eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; e então os teus seios serão como os cachos na vide, e o cheiro da tua respiração como o das maçãs. Cantares de Salomão 7:8

RICARDO GONDIM SE DIZ CUSPIDO E DIFAMADO PELOS LÍDERES EVANGÉLICOS E PROCURA “CAVERNA PRA TROCAR DE PELE”

O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, anunciou em seu site, através de um artigo, que está rompendo com o Movimento Evangélico. Narrando suas experiências religiosas desde adolescência, quando abandonou o catolicismo inquieto pelo que chamou de “dogmas” da igreja romana, o pastor falou sobre o que o fez romper com a Igreja Presbiteriana e com a Assembleia de Deus, exemplificando cada caso.

Agora, se dizendo sem saber para onde ir, afirma que está querendo “apenas experimentar a liberdade prometida nos Evangelhos” e que não abandonará sua vocação de pastor e continuará servindo na Betesda.

Os motivos listados por Gondim em seu artigo reclamam da transformação do evangelho em negócio, e se diz “incapaz de tolerar” a transformação da fé em negócio. “Não posso aceitar, passivamente, que tentem converter os cristãos em consumidores, e a igreja, em balcão de serviços religiosos. Entendo que o movimento evangélico nacional se apequenou. Não consegue vencer a tentação de lucrar como empresa. Recuso-me a continuar esmurrando as pontas de facas de uma religião que se molda à Babilônia”, acusa o pastor.

A falta de afinidade com os grandes líderes evangélicos nacionais também é colocada como uma questão de peso e decisiva para o rompimento: “Não consigo admirar a enorme maioria dos formadores de opinião do movimento evangélico (principalmente os que se valem da mídia). Conheço muitos de fora dos palcos e dos púlpitos. Sei de histórias horrorosas, presenciei fatos inenarráveis e testemunhei decisões execráveis”, afirma o pastor, sem citar nomes.

Em mais uma crítica direta à teologia da prosperidade, que tem sido priorizada em diversas denominações, o pastor Gondim afirma que a igreja se tornou inútil ao pregar essa mensagem: “No momento em que o sal perde o sabor para nada presta senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Não desejo me sentir parte de uma igreja que perde credibilidade por priorizar a mensagem que promete prosperidade. Como conviver com uma religião que busca especializar-se na mecânica das “preces poderosas”? O que dizer de homens e mulheres que ensinam a virtude como degrau para o sucesso? Não suporto conviver em ambientes onde se geram culpa e paranoia como pretexto de ajudar as pessoas a reconhecerem a necessidade de Deus”.

Um texto publicado pelo jornalista Paulo Lopes, atribuído a José Geraldo Gouvêa, ateu declarado, afirma que “Gondim não tem para onde ir, a não ser os braços do ateísmo”. O autor do texto afirma se identificar com o pastor, “uma espécie de Leonardo Boff evangélico”, fazendo menção ao ex-frei e crítico ferrenho da Igreja Católica.

Confira abaixo a íntegra do artigo “Recesso – preciso de um tempo”, do pastor Ricardo Gondim:

Por mais de um motivo, ficarei sem escrever aqui e no tuiter.
Vou me exilar de todas as redes sociais por um tempo.
Mais cedo ou mais tarde chega o tempo em que algum ciclo se fecha.
Como preciso saber discernir a minha hora: chegou um momento decisivo em minha vida.
Não escondo a minha profunda dor.
Fui cuspido, difamado e ridicularizado por quem acreditei ser parceiro.
Meu coração sofreu além da conta.
Noto que me resta pouco tempo de vida - não sei quanto, mas estou consciente de que é pouco.
Em Fortaleza, tive que enfrentar um piquete na porta da igreja que eu considerava a menina dos meus olhos.

Depois, oportunistas se sucederam em me esfaquear. Pessoas baixas se revezaram em colocar o meu nome entre os grande apóstatas da fé. A Betesda em Fortaleza praticamente implodiu. A princípio, sofri. Depois, preocupei-me com amigos, parceiros e discípulos. Eles sofriam as consequências de minhas posições. Embora eu nunca, em tempo algum, tenha vendido a alma ao sucesso, não bastou. As pedradas não cessaram.

Eu podia ser outra pessoa. Estou consciente de meus dons e talentos. Sei que poderia tornar-me famoso e disputado entre os maiorais do movimento evangélico. Mas, não sei explicar, preferi o caminho dos proscritos. E a minha história virou piada; fui arrastado ao charco. Dei uma entrevista à revista Carta Capital (eu daria novamente, sem tirar uma vírgula) e os eventos desandaram. Antigos companheiros passaram a me evitar como um leproso. Reconhecer que homossexuais têm direito era um pecado incontornável. Contudo, prefiro o ódio de fundamentalistas e homofóbicos à falta de paz; quero poder deitar a cabeça no travesseiro com a consciência de que defendi o que é justo.

Eu supus ter amigos entre os envangélicos. Enganei-me. Quando a revista Ultimato me defenestrou como articulista, não contei com cinco amigos que ousassem dar a cara a bater por mim. Nessa hora vi o quanto fui usado. Eu não passava de grife, ornando panfletos de eventos. Saí de casa, deixei meus filhos, esqueci meus pais, dormi em hotéis de quinta categoria, para dar credibilidade a conferências chinfrins. Os amigos, que supunha de caminhada, se calaram. Estavam preocupados com eles mesmos na hora do meu linchamento. Os meus verdadeiros amigos se resumiam aos poucos parceiros que sobraram na Betesda e me deram a mão. Só um punhado se solidarizou quando me viu arrastado na sarjeta. Alguns, para minha profunda decepção, se aproveitaram de vírgulas doutrinárias para jogar ainda mais querosene no fogo brando que fundamentalistas acenderam.

Na verdade, estou exaurido. Agora virou questão de saúde. Como não posso respirar, minimamente, o ar dos evangélicos não serve como terapia. Deixei de acreditar na grande maioria dos líderes, pastores, teólogos e missionários evangélicos. Não confio nos que se dizem pregadores da Boa Notícia do Nazareno; e isso é ruim. Depois de presenciar excrescências éticas, depois de ver-me roubado em direitos autorais, depois de usado e sugado não quero mais a piedade plástica e mentirosa dos que se sentem responsáveis pela salvação do mundo. A subcultura religiosa que me acalentou e me fez um homem bem sucedido agora me traumatiza. E quando a gente perde o respeito, acabam-se os argumentos.

Sinto que chega a hora de começar outro ciclo. Não sei como, mas para que aconteça, meu primeiro passo deve ser o exílio das redes sociais. Quanto tempo fico fora deste site e do tuiter, não sei. Mas, igual aos adolescentes quando querem acabar o namoro, digo: preciso de um tempo.

Resta-me a igreja Betesda, minha comunidade de fé na Avenida Alberto de Zagottis, 1000. Ali é minha cidade de refúgio. Continuarei liderando o pequeno rebanho de homens e mulheres que, apesar de toda a propaganda danosa, ainda se reúne para me ouvir nos domingos. Com eles, e por causa deles, continuo.

Saio das redes sociais por recomendação médica; mas, também, por bom siso: preciso procurar alguma caverna, e lá, trocar de pele.
Blog do Ricardo Gondim. Divulgação: Marcus Vinícius.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Pastor Leigo

Por Marcus Vinícius
A história bíblica mostra que Deus tem chamado e capacitado pessoas para as mais diversas atividades. Acredito que a mais nobre de todas as chamadas Divina é para o ministério da sua Palavra. Entendo também que o fim de tão grande chamada é um só: SERVIR como atalaia nas mãos do Senhor. Pastor quem faz é Deus, Quem vocaciona e chama é o próprio Deus.
A Igreja Soberana, livre e em união, vê, reconhece e aceita o seu líder espiritual como vocacionado pelo próprio Deus. Ela (Igreja) tem competência celestial e civil para ordenar e consagrar o seu pastor, como sempre o tem feito. A Igreja é do Senhor, e o Pastor que a lidera também o é. Em servi o reino em uma Igreja local, o Pastor há de ter somente o compromisso com Cristo e com as verdades do Evangelho, nada além disso.
Percebe-se, ainda hoje, uma querela sobre o serviço prestado por obreiro não ordenado (Leigo) e o ordenado. Tal desunião entre pastores tem colocado o ministério em descredito e feito surgir elementos que não mais aceitam a autoridade do púlpito. Considero também nesse aspecto, aqueles que abandonam o ministério. Os que deixaram o ministério que deixe de usar também o título de pastor, o uso do título por quem não tem um “rebanho”, também enfraquece a figura do verdadeiro pastor. Sobre este assunto, veja o que Paulo tem a dizer: “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus... Todavia, a mim mui pouco se me dar de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tão pouco a mim mesmo julgo... pois quem me julga é o Senhor” (I Cor. 4:1,3 e 4b).
Pense na fábula urubus e sabiás, de Rubem Alves e, perceba que pode ser perfeitamente aplicada em nosso momento atual.
“Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mí-fá. Mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre sí, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito
- Onde estão os documentos de seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam passado por escola de canto, porque o canto nascera com eles. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam, simplesmente...
-  Não. Assim não pode ser. Cantar sem a devida titulação é desrespeito à ordem. E os urubus, em uníssono.   Expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás ...” Fonte: ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. Cortez. 3ª edição, 1984. P.61
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve o canto de sabiá
Em outro momento escrever no blog sobre Educação Ministerial. Mas, desde já o espaço fica aberto para sua livre manifestação.

Abraço quebra costelas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O legado que o Papa Francisco nos deixou

Por Leonardo Boff
     Não é fácil em poucas palavras resumir os pontos relevantes das intervenções do Papa Francisco no Brasil. Enfatizo alguns com o risco de omitir outros importantes.

O legado maior foi a figura do Papa Francisco: um humilde servidor da fé, despojado de todo aparato, tocando e deixando-se tocar, falando a linguagem dos jovens e as verdades com sinceridade. Representou o mais nobre dos líderes, o líder servidor que não faz referência a si mesmo mas aos outros com carinho e cuidado, evocando esperança e confiança no futuro.

            No campo político encontrou um país conturbado pelas multitudinárias manifestações dos jovens. Defendeu sua utopia e o direito de serem ouvidos. Apresentou uma visão humanística na política na economia e na erradicação da pobreza. Criticou duramente um sistema financeiro que descarta os dois pólos: os idosos porque não produzem e os jovens não criando-lhes postos de trabalho. Os idosos deixam de repassar sua experiência e os jovens são privados de construir o futuro. Uma sociedade assim pode desabar.

O tema da ética era recorrente, fundada na dignidade transcendente da pessoa. Com referência à democracia cunhou a expressão “humildade social” que é falar olho a olho, entre iguais e não de cima para baixo. Entre a indiferença egoista e o protesto violento apontou uma opção sempre possível: o diálogo construtivo. Três categorias sempre voltavam: o diálogo como mediação para os conflitos, a proximidade para com as pessoas para além de todas as burocracias e a cultura do encontro. Todos tem algo a dar e algo a receber. “Hoje ou se aposta na cultura do encontro ou todos perdem”.

No campo religioso foi mais fecundo e direto. Reconheceu que”jovens perderam a fé na Igreja e até mesmo em Deus pela incoerência de cristãos e de ministros do evangelho”. O discurso mais severo reservou-o para os bispos e cardeais latinoamericanos (CELAM). Reconheceu que a Igreja, e ele mesmo se incluíu, está atrasada com referência à reforma das estruturas da Igreja. Conclamou não apenas a abrir as portas para todos, mas a sairem em direção do mundo e para as “periferias existenciais”. Criticou a “psicologia principesca” de membros da hierarquia. Eles tem que ser pobres interior e exteriormente. Dois eixos devem estruturar a pastoral: a proximidade do povo, para além das preocupações organizativas e o encontro marcado de carinho e ternura. Fala até da necessária “revolução da ternura” coisa que ele mostrou viver pessoalmente. Entende a Igreja como mãe que abraça, acaricia e beija. Essa atitude materna os pastores devem cultivar para com os fiéis. A Igreja não pode ser controladora e administradora mas servidora e facilitadora. Enfaticamente afirma que a posição do pastor não é a posição do centro mas a das periferias. Esta afirmação é de se notar: a posição do bispos deve ser “ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se desgarre” e dar-se conta de que “o próprio rebanho tem o seu olfato para encontrar novos caminhos”. Ademais, deu centralidade aos leigos para junto com os pastores decidirem os caminhos da comunidade.           O diálogo com o mundo moderno e a diversidade religiosa: o Papa Francisco não mostrou nenhum medo face ao mundo moderno; quer trocar e inserir-se num profundo sentido de solidariedade para com os privados de comida e de educação. Todas as confissões devem trabalhar juntas em favor das vítimas. Pouco importa se o atendimento é feito por um cristão, judeu, muçulmano ou outro. O decisivo é que e o pobre tenha acesso à comida e à educação. Nenhuma confissão pode  dormir tranquila enquanto os deserdados deste mundo estiverem gritando. Aqui vige um ecumenismo de missão, todos juntos, a serviço dos outros.

Aos jovens dedicou palavras de entusiasmo e de esperança. Contra uma cultura do consumismo e da desumanização convocou-os a serem “revolucionários” e  “rebeldes”. É pela janela dos jovens que entra o futuro. Criticou o restauracionismo de alguns grupos e o utopismo de outros. Colocou o acento no hoje:”no hoje se joga a vida eterna”. Sempre os desafiou para o entusiasmo, para a criatividade e para irem pelo mundo espalhando a mensagem generosa e humanitaria de Jesus, o Deus que realizou a proximidade e marcou encontro com os seres humanos.

Na celebração final havia mais de três milhões de pessoas, alegres, festivas e na mais absoluta ordem. Desceu um aura de benquerença, de paz e de felicidade sobre o Rio de Janeiro e sobre o Brasil que só podia ser a irradiação do terno e fraterno  Papa Francisco e do Sentimento Divino que soube transmitir.