quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Igreja e Política.


Quero reafirmar meu compromisso de fazer política partidária comprometida com a ética do Novo Testamento, política sempre feita em prol da população e nunca em favorecimento de famílias ou grupos políticos. A diversidade é uma das marcas mais caras que se tem na cultura evangélica. Não podemos encarar as comunidades evangélicas como únicas. São muitas e variadas, não cabemos em nenhuma camisa de força interpretativa, daí a dificuldade de se dialogar com os evangélicos, por não se saber com quem falar pela falta de uma hierarquia.   Quem diz que fala por eles, está blefando. Igrejas há que lançam candidatos “oficiais”, com papel timbrado e tudo, em prejuízo do membro que pensa diferente. Entendo que Igreja e pastor não devem se envolver em questões políticas partidárias, sob pena de provocar dissabores entre seus membros, que estão distribuídos entre os vários segmentos partidários.
Trago, então, dez teses para reflexão de quem busca uma maturidade espiritual, visto que em momentos como os que estamos passando (político), alguns são acometidos da “síndrome de Satanás”, ou seja, é nesta ocasião, de eleições, que nos tornamos mais facilmente corruptos, corruptores e corrompidos. Ei-las:

1) Repudio toda e qualquer tentativa de utilização do texto sagrado visando à manipulação e ao domínio do povo que, sinceramente, deseja seguir a Deus. (2 Pe.1:20)

2) Que sejamos livres para “examinarmos tudo e retermos o que é bom”, sem que líderes manipuladores tentem impor seus preconceitos, principalmente na forma de intimidações. Que nenhum líder use o jargão “Deus me falou” como forma de amendrotar qualquer um que ouse questionar suas idéias. (1 Ts 5:21)

3) Nenhum pastor é inquestionável. Tudo deve ser conferido conforme as Escrituras. Nenhum homem possui a “patente” de Deus para as suas próprias palavras. Nenhum pastor deve se utilize do versículo bíblico “não toqueis no meu ungido”, retirando-o do contexto, para tornarem-se inquestionáveis e isentos de responsabilidade por aquilo que falam e fazem no comando de suas igrejas.  Estamos livres para, com base na Bíblia, questionarmos qualquer palavra que não esteja de acordo com ela. (At. 17:11;  Ez.34:2; 1 Cor.16:22 )

4) Rejeito a idéia do messianismo político, que afirma que o Brasil só será transformado quando um “justo” (que na linguagem das igrejas significa um membro de igreja evangélica) dominar sobre esta terra. O papel de transformação da sociedade, pelos princípios cristãos, cabe à Igreja e não ao Estado. O versículo bíblico “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”, não deve ser interpretado sob os olhares políticos e nem ser utilizado para favorecer candidatos que se arroguem como cristãos. O Reino de Deus não é deste mundo, e lamentamos a manipulação e ambição de alguns líderes evangélicos pelo poder terreal. Que a cruz de Cristo, e não o seu trono seja o centro de nossa pregação. (Jo. 18:36; 1Cor.2:2; Sl.144:15)

5) Que os púlpitos não sejam transformados em palanques eleitorais em épocas de eleição. Que nenhum pastor induza o seu rebanho a votar neste ou naquele candidato por ser de sua preferência ou interesse pessoal. Que haja liberdade de pensamento e ideologia política entre o rebanho. (Gl.1:10)

6) Que as igrejas recusem ajuda financeira ou estrutural de políticos em épocas de campanha política a fim de zelarem pela coerência e liberdade do evangelho. Lembro também que tal ato constitui crime eleitoral, violando assim, a lei de Deus e dos homens. (Ez. 13: 19)

7) Que os membros das igrejas cobrem esta atitude honrada de seus líderes. Caso contrário, rejeitem a recomendação perniciosa de sua liderança. (Gl.2:11)

8) Nego, veementemente, no âmbito político, qualquer entidade que se diga porta-voz dos evangélicos. Nós, cristãos evangélicos, somos livres em nossas ideologias políticas, não tendo nenhuma obrigação com qualquer partido político ou organização que se passe por nossos representantes. (Mt. 22:21)

9) Repugno veementemente os chamados “showmícios” com artistas evangélicos. Entendo ser uma afronta ao verdadeiro sentido do louvor a participação desses músicos entoando hinos de “louvor a Deus” para angariarem votos para seus candidatos. (Ex. 20:7)

10) Entendo que, a ditadura, inclusive a eclesiástica, é uma castração da cidadania, impede o crescimento da consciência política e infantiliza o crente (Rom.13:1; Pv.29:12).
“O pior sentimento é achar que nada vale a pena”.

Por Marcus Vinícius

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